26 de Maio no Auditório da Quinta dos Olhos d’Água
Gabriela Canavilhas – As ‘virgens alpinas’ da ópera oitocentista, a Natureza como locus de pureza.
Jaime de Salas Ortueta – Landscape as an intellectual ideal and the effects of the Vanguard.
Luísa Soares Oliveira – A paisagem na pintura contemporânea: entre a utopia e a distopia.
Nuno Vieira de Almeida – Elementos unificadores na ‘Winterreise’ de Schubert.
Rosa Sequeira – O fogo no mito de Don Juan.
Rui Baldaque Romão – Observações sobre Hogarth e a paisagem.
Com os Diálogos em Marvão mais uma pequena ‘capela’ foi inaugurada em 2022 no ‘mosteiro’ musical que é o Festival Internacional de Música em Marvão (FIMM), o evento artístico criado em 2015 pelo maestro Christoph Poppen e pela cantora Juliane Banse.
Na edição anterior, Diálogos em Marvão trouxe para o palco alguns dos debates da Filosofia, Cinema, História, Música e Crítica de Arte. Agora na segunda edição a concretizar-se no próximo dia 26 de Maio de 2023, Diálogos em Marvão continuará a ser um evento ligado à esfera do pensamento e da reflexão sobre música e problemáticas contemporâneas. Paisagem e Artes é o
tema aglutinador para o qual, ao longo de uma jornada, seis personalidades da esfera da cultura são convidadas a partilhar com o público a sua paixão por conceitos, teorias, variadas perspetivas e polémicas.
Trata-se de um ensejo para o encontro entre seis intelectuais do panorama cultural português e espanhol – dois filósofos, dois músicos, uma especialista em Literatura e uma crítica de arte – convocados para este painel de diálogos e de um jogo com perceções diferentes. Numa zona perto das escavações arqueológicas de Ammaia, este projeto tem o propósito de criar um espaço para aprofundar observações, experiências e investigações, aproximando o público da reflexão filosófica, artística e crítica. Com entrada livre, a assistência poderá acompanhar os seis conferencistas para a segunda edição de Diálogos em Marvão, participando no balanço final.
Há uns anos, lembrei-me de batizar este território alentejano de grande altitude coroado pela emblemática e bela vila de Marvão como o espaço de uma nova “Montanha Mágica”, nascendo daí o projeto de reunir anualmente seis intelectuais em Marvão para dialogarem entre si, no microcosmo de uma povoação acantonada no topo de um monte, debatendo problemáticas e ideias, num mosaico vivo de comentários, dúvidas, busca de caminhos, divergências, tensões, trocas de ideias, conexões, concordâncias e argumentos, discutindo tal como as personagens Settembrini, Hans Castorp, Clawdia Chauchat, Peeperkorn, Naphta e Ziemssen criadas por Thomas Mann no seu célebre romance.
Marvão e o Parque Natural da Serra de São Mamede com a sua diversidade, exuberância e sombras é o outro Alentejo, o dos penhascos e escarpas, dos vales e dos barrancos em território atravessado pelo rio Sever, por caminhos da Roma Antiga e calçadas medievais.
Nos versos do poema ‘East Finchley’, Joseph Brodsky reflete sobre a vida de pessoas que habitam ilhas, sentindo e sabendo que aqueles paraísos não durarão para sempre e que chegará o dia em que a água doce que jorra das torneiras será substituída por água salgada. Durante os Diálogos em Marvão, é desse tempo suspenso que falamos, suspensos entre a água fresca e a iminência do colapso climático, rodeados pelas inexpugnáveis muralhas da vila alentejana, cingidos pelos regatos que irrigam a Quinta dos Olhos d’Água e envolvidos pela ‘formosura da fresca serra, a sombra dos verdes castanheiros e o manso caminhar dos ribeiros’ da poesia camoniana.
Em 1905, Debussy concluiu os ‘Diálogos entre o vento e o mar’ para a terceira parte de ‘O Mar’, obra sinfónica e majestosa com uma sucessão musical de tempestades e de acalmias em que os antagonismos violentos entre ventos e mares prenunciam a catástrofe de um naufrágio. Os diálogos aqui serão de outro tipo e com outros ritmos: serão os entendimentos e os pactos entre ideias sobre música, filosofia e crítica de arte, apresentadas no cenário idílico do parque natural da serra de São Mamede, entre a vila de Marvão e as aldeias, as ruínas arqueológicas da cidade romana de Ammaia e a Quinta dos Olhos d’ Água.
Ana Rocha, curadora
26 de Maio, 6ª feira
10.00 – Jaime Salas Ortueta, Landscape as an intellectual ideal and the effects of the Vanguard.
10.45 – Rui Baldaque Romão – Observações sobre Hogarth e a paisagem.
Coffee break
12.00 – Luísa Soares de Oliveira – A paisagem na pintura contemporânea: entre a utopia e a distopia.
15.00 – Rosa Maria Sequeira – O fogo no mito de Don Juan.
15.45– Nuno Vieira de Almeida – Elementos unificadores ‘Winterreise’ de Schubert.
Coffee break
17.00 – Gabriela Canavilhas – As ‘virgens alpinas’ da ópera oitocentista, a Natureza como locus de pureza.
17.30 – Debate entre os participantes e diálogo com o público.
18.30 – Encerramento.
Gabriela Canavilhas
A pianista, professora e gestora Gabriela Canavilhas, que actualmente preside à Fundação Ricardo Espírito Santo Silva, foi Ministra da Cultura e deputada à Assembleia da República. Diretora de festivais de música, gravou sete álbuns com obras de João Domingos Bomtempo e Alfredo Keil, entre outros.
Jaime de Salas Ortueta
O filósofo Jaime de Salas Ortueta é professor catedrático na Universidade Complutense de Madrid. Especialista em Leibniz e Ortega Y Gasset, algumas das suas publicações intitulam-se ‘Leibniz y la experiencia de la metafisica’, ‘Razón y Experiencia’, ‘Razón y legimitidad, una interpretación desde Ortega’. Preside à Fundación Xavier de Salas de Trujillo.
Nuno Vieira de Almeida
O pianista, professor, radialista e recitalista Nuno Vieira de Almeida é doutorado em Musicologia Histórica pela Universidade Nova de Lisboa. Gravou álbuns com obras de Fernando Lopes-Graça, Constança Capdeville e João Madureira, entre outros. É professor na Escola Superior de Música de Lisboa.
Luísa Soares de Oliveira
A crítica de arte Luísa Soares de Oliveira é licenciada pela Université de Paris I – Panthéon Sorbonne e doutorada pela Universidad Politécnica de Valencia.
Professora adjunta na Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha desde 2001, colabora regularmente com a imprensa e assinou dezenas de curadorias de exposições, nomeadamente o projeto bianual Landart Cascais. É investigadora do Instituto de História da Arte.
Rosa Maria Sequeira
A professora Rosa Maria Sequeira leciona na Universidade Aberta desde 1991 e atualmente é professora associada no departamento de Humanidades. Doutorada em Estudos Portugueses na especialidade de Teoria da Literatura, as suas monografias intitulam-se Desejo e Sedução, A Imagem da cidade na poesia moderna: Cesário Verde e Fernando Pessoa e O Poder e o Desejo: o Ensino da Literatura a Estrangeiros na Universidade.
Rui Bertrand Baldaque Romão
O filósofo Rui Bertrand Baldaque Romão é professor associado na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Na sua investigação, apresentam-se como temas de eleição o cepticismo, as filosofias moderna e contemporânea, a filosofia política e a estética. As suas publicações incluem ‘A Apologia na Balança’ e ‘Quid? Estudos sobre Francisco Sanches’, ‘Montaigne e a Modernidade’.
Ana Rocha
Nascida em Moçambique em 1957. Escritora, investigadora, conferencista, curadora do ciclo de conferências ‘Diálogos em Marvão’, crítica no semanário ‘Expresso’, colaboradora da revista ‘Electra’, jornalista no vespertino ‘A Capital’, professora, autora de programas e de manuais escolares para o 12º ano, tradutora, colunista de rádio, organizadora de concertos de música clássica em Évora. Licenciada em Filosofia na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Obteve o grau de Mestre em Filosofia com a tese intitulada ‘A imbricação da política e da ideologia na História de Inglaterra de David Hume’. A estreia mundial da sua primeira peça teatral intitulada A Origem do Mundo está anunciada para Genève, na programação do Studio Théâtre com encenação de Alexandre Paita. Em 2023, a estreia de Antero Q, a sua segunda peça de teatro, está anunciada para Lisboa com encenação assinada por Carlos Pessoa e essa produção será apresentada em São Paulo, em Vila do Conde e em Genève. Com o título A Arte da Fuga, prepara o seu novo livro sobre Wagner.