Localizada na margem direita do rio Sever, no coração do Parque Natural da Serra de São Mamede, a Quinta dos Olhos d’Água deve o seu nome à nascente borbulhante que se deixa observar nas águas calmas do pequeno lago.
Muito próxima da cidade romana de Ammaia, o seu potencial hídrico poderá ter sido aproveitado pelos romanos e, sem surpresas, ao longo dos tempos, foram inúmeros os vestígios romanos encontrados na propriedade.
Foi terra foreira do Mosteiro de São Bernardo, em Portalegre, muito valiosa pela generosa produção de frutos e hortícolas, fonte permanente de água cristalina e por possuir uma azenha, um moinho ou engenho de cubo e uma baixa represa.
O edifício central ostenta na sua fachada uma laje datada de 1816 e foi aqui que a família Maçãs instala um lagar de azeite e uma moagem, ambos hidráulicos, apoiados por cavalariças, fornos, canais e loja.
O proprietário António Maçãs, quando ali residiu, e por ser um curioso da arqueologia, foi sempre recolhendo na propriedade achados arqueológicos e, até, comprando aos vizinhos que não lhes davam importância ou valor. Iniciou uma coleção de vidros e barros romanos que viriam depois a ser oferecidos ao Museu Nacional de Arqueologia. Tornou-se grande amigo do arqueólogo Leite de Vasconcelos, um dos primeiros a trabalhar na Ammaia.
Ao longo das décadas de 30, 40 e 50 do seculo XX a propriedade é sucessivamente arrendada e afirma-se como um dos destinos prediletos dos grandes passeios aos Domingos das gentes de Marvão, Castelo de Vide e Portalegre, em especial pelo fresco do seu lago, mas também pela Cova da Moura, célebre pela sua profundidade e colónias de morcegos, hoje Geossítio.
Em 1958 surge o projeto de captação das águas dos Olhos d’Água para abastecimento público da cidade de Portalegre que tem início em 1961. É o princípio do fim do interesse turístico e económico na propriedade.
No fim do século XX é adquirida pelo ICN – Instituto de Conservação de Natureza, I.P. que intervenciona todos os imoveis da propriedade, atualizando-os para as exigências do novo milénio, e reforça a proteção do lago, da fauna e flora ali existentes para que se afirme como uma quinta de descoberta da natureza.
É inaugurada oficialmente a 1 de fevereiro de 2005 por S. Ex.ª o Secretário de Estado Adjunto, Jorge Moreira da Silva.
A 15 de abril de 2019, por ocasião do 30.º aniversário do Parque Natural da Serra de São Mamede, no auditório da Quinta dos Olhos d’Água, foi celebrado protocolo entre o ICNF e a Academia Internacional de Marvão para a Música, Artes e Ciências para que esta possa dinamizar as suas ações naquele espaço singular e divulgar aquela área protegida.