9 de Maio de 2025
IV edição dos Diálogos em Marvão
Ana Rita Baltazar – Subdiretora-Geral de Política de Defesa Nacional
Isabel Ribeiro – Advogada
Béatrice Guion – Universidade de Estrasburgo
Ana Rocha – Escritora, professora, investigadora e conferencista
Gilda Oswaldo Cruz – Pianista e escritora
Susana Peralta – Professora associada na Nova SBE
O Tempo das Mulheres
“Não temos saída que não passe pelo humano nem pelo existencial”, pondera a atriz brasileira Fernanda Montenegro.
Ao encontro anual “Diálogos em Marvão” interessam (e muito!) existências como as de Hannah Arendt, que morreu há 50 anos, em 4 de dezembro de 1975, deixando incompleta a obra The Life of the Mind. A vida e a obra desta extraordinária mulher servem de inspiração para alguns dos temas e das perspetivas a explorar na IV edição dos Diálogos em Marvão, que decorrerá no próximo dia 9 de maio.
Desenvolvendo-se fora das grandes Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto, “Diálogos em Marvão” realiza-se pela quarta vez consecutiva desde 2022 e tem como objetivos produzir conhecimento e reflexão, dando visibilidade a uma área periférica longe dos grandes centros, situada a 265 quilómetros a nordeste de Lisboa.
No sopé da Serra de São Mamede e junto às ruínas arqueológicas da cidade romana de Ammaia, a Quinta dos Olhos d’Água acolhe uma vez mais um seminário de ideias, o local ideal para o público assistente participar na magia das palavras de seis conferencistas.
Sempre foram as palavras e as narrativas que conseguiram operar as mudanças que as sociedades exigiram. A linguagem transforma as sociedades e, sobretudo, a maneira de pensar e de ver o mundo.
Na IV edição dos “Diálogos em Marvão”, seis investigadoras, jornalistas, curadoras e gestoras irão apresentar as suas comunicações sobre arte, filosofia, gestão, política e representação das mulheres na sociedade.
Podíamos nomear centenas de mulheres que, com as suas vidas e obras, marcaram os séculos XX e XXI, mas referiremos apenas seis personalidades: Simone de Beauvoir, Elisabeth Badinter, Angela Davis, Naomi Klein, Susan Sontag e Marina Abramović, pela forma como, em graus tão diversos, retiraram a tranquilidade acerca da ‘imutabilidade’ das sociedades, refletindo sobre as fronteiras entre sexos e géneros e também sobre as estruturas ancestrais e os meios de controle social criados para dominar as mulheres.
Apontando o dedo ao caos produzido pela violência das guerras e pela destruição de tudo quanto até aí tinha sido poupado, Hannah Arendt escreveu em 1950, na introdução da trilogia que se tornou conhecida como Origens do Totalitarismo:
“Duas guerras mundiais no espaço de uma geração, separadas pelo encadear ininterrupto de guerras regionais e de revoluções que não foram sucedidas por nenhum tratado de paz assinado por vencidos e vencedores, faz-nos estar à espera de uma III Guerra Mundial entre as potências que subsistem. Este tempo de espera parece aquele tempo de calma que se instala quando toda a esperança desapareceu. Não estamos à espera da restauração da antiga ordem das coisas com todas as tradições que lhe estão associadas. Temos assistido, nas situações mais diversas e em contextos heterogéneos, à amplificação do fenómeno numa escala sem precedentes em que as pessoas ficam desenraizadas num grau extremo, tendo perdido as suas casas. Jamais foi tão impossível predizer o nosso futuro.”
No ensaio sobre Walter Benjamin (Homens em Tempos Sombrios), Hannah Arendt alude ao anjo da história com as mãos colocadas sobre os olhos, horrorizado com o espetáculo das ruínas que se empilham a seus pés.
Não queremos tapar os olhos como o anjo nem queremos mergulhar num ceticismo radical relativamente ao funcionamento das instituições da nossa sociedade.
Esperamos que o público que assiste gratuitamente às seis sessões partilhe a nossa paixão pelo conhecimento e pela crítica.
Ana Rocha
CRONOGRAMA
10h00 – Apresentação da IV edição dos Diálogos em Marvão
10h20 – Isabel Ribeiro (Advogada), “As mulheres e o Direito.”
11h00 – Ana Rocha (Escritora, professora, investigadora e conferencista) “Hannah Arendt nasceu, trabalhou e morreu.”
11h45 – Pausa.
12h15 – Ana Rita Baltazar, “Liderança feminina em tempos de transformação.”
13h00 – Pausa.
15h00 – Susana Peralta (NovaSBE), “Do tacho aos trocos: retratos do tempo
feminino”.
15h40 – Béatrice Guion (Un. Estrasburgo), “Musa, anfitriã, empresária; as mulheres na
vida literária francesa o Antigo Regime.”
16h45 – Pausa.
17h00 – Gilda Oswaldo Cruz (pianista, escritora), “A mulher como peça de troca no
jogo de poder. A história de Júlia, filha única de Augusto, primeiro imperador romano”.
17h45–18h30 – Balanço e encerramento.
A Major-General Ana Rita Baltazar, nascida em 1973 na Figueira da Foz, licenciou-se em Ciências Militares Aeronáuticas e possui mestrado em Estudos da Paz e da Guerra e doutoramento em Gestão pelo ISEG. Ingressou na Força Aérea em 1991, tendo desempenhado funções em áreas como logística, qualidade e ensino, destacando-se como gestora de frota do EH101, docente no Instituto de Estudos Superiores Militares e Adida de Defesa na Alemanha, Noruega, Suécia e Polónia. Desde 2021, é Subdiretora-Geral de Política de Defesa Nacional. É co-autora de obras sobre poder aeroespacial e defesa, e foi distinguida com diversos louvores e condecorações.
Licenciada pelo Institut d’Études Politiques de Paris (1991), é doutorada em Letras pela Universidade de Paris-Sorbonne (1997) e obteve a acreditação para supervisão de investigação (HDR) em 2005, na mesma universidade. Foi laureada pela Fundação Thiers (1996) e distinguida com o Prémio Pierre-Georges Castex da Academia de Ciências Morais e Políticas (2010). Entre 2013 e 2015, integrou o Instituto de Estudos Avançados da Universidade de Estrasburgo (USIAS).
Atualmente, é professora de literatura francesa do século XVII na Universidade de Estrasburgo. Especialista em literatura moral e religiosa, dedica-se também ao estudo da teoria e da escrita da história na primeira modernidade, sendo autora da obra Du bon usage de l’histoire. Histoire, morale et politique à l’âge classique (Paris, 2008). Os seus interesses de investigação incluem ainda questões de poética, tradução e transferências culturais.
Nascida em Lisboa, licenciou-se em Direito em 1991, ano em que integrou a Ordem dos Advogados. Desde então, exerce advocacia de forma independente, com escritório próprio, contando com mais de 30 anos de experiência.
A sua atuação abrange diversas áreas do Direito, nomeadamente: Direito Administrativo, Ensino Superior (público e privado), Direito Tributário, Execuções, Direito Comercial e das Sociedades, Direitos de Autor, Relações Laborais, Contratos, Direito da Família e dos Menores, Inventários, Sucessões e Direito Criminal.
Intervém judicialmente em Tribunais de 1.ª Instância (Administrativos, Cíveis, de Família, do Trabalho, Criminais, Tributários, Marítimo e de Propriedade Intelectual), bem como em instâncias superiores, incluindo o Supremo Tribunal de Justiça, Supremo Tribunal Administrativo e Tribunal Constitucional.
Susana Peralta é Professora Associada, com Agregação, na Nova School of Business and Economics. Doutorada em Economia pela Université catholique de Louvaina, é especialista em Economia Pública e tem investigação publicada em revistas internacionais de renome, como:
Já liderou vários projetos financiados pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e é coordenadora da iniciativa Portugal, Balanço Social, um projeto conjunto da Fundação La Caixa e da Nova SBE.
Além do meio académico, é colunista semanal no jornal Público, comentadora na RTP e na rádio Observador.
Nascida em 1939, no Rio de Janeiro, Gilda Oswaldo Cruz vive há muitos anos em Lisboa. É concertista de piano e tem uma vasta experiência no meio editorial e diplomático.
No Brasil, trabalhou como editora e integrou o Serviço Diplomático, tendo dirigido o Centro de Estudos Brasileiros em Barcelona durante vários anos. Viveu nesta cidade ao longo das décadas de 1980 e 1990.
Como concertista, tem-se dedicado à divulgação da música brasileira através de recitais, programas radiofónicos e conferências.
No campo literário, publicou:
Nasceu em Moçambique em 1957.
Escritora, professora, investigadora e conferencista.
Licenciada em Filosofia pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Concluiu a pós-graduação em Filosofia na FCSH da Universidade Nova de Lisboa, com a dissertação “A imbricação da política e da filosofia na História de Inglaterra de David Hume”.
É a criadora e curadora (pro bono) do ciclo anual de conferências “Diálogos em Marvão”, que, em maio de 2025, entra na sua quarta edição.
Desde 2006, é colaboradora na área da cultura no semanário Expresso, depois de trabalhar 20 anos no vespertino A Capital.
Na Antena 2, criou o programa “Plácidos Domingos” e foi coautora do programa “Preto no Branco”.
Organizou (pro bono) oito recitais de música clássica na Igreja do Convento do Espinheiro de Évora.
Publicou duas peças de teatro:
Aguarda a edição da sua terceira peça teatral, dedicada a Wagner, intitulada “BMW, A Arte da Fuga”.